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Não sei quando começou, mas quando percebi, estávamos os dois parecendo loucos. O transito quase não andava. Paramos no sinal. Ao olhar em volta via todos emburrados. Olhando no relógio.Apressado.Carros insufilmados, onde não se via mais que a parte de fora. E nós? Janelas um pouco abertas, alguns pingos molhando o carro. Todos que nos olhavam nos chamavam de loucos. Balançávamos a cabeça, cantávamos alto e batíamos palma no ritmo da música. Acho legal andar de carro com alguém que tem uma sintonia tão grande comigo.
Mesmo com nossa bobice, percebi uma senhoria do lado de fora do carro! Tinha marcas de uma vida no rosto. Tinha olhos de céu. Usava uma capa de chuva laranja. Me fez rir. Estava entregando jornais. Estes que entregam nos sinais, e que nós nunca lemos. Só jogamos no banco de trás.
Ninguém sequer abriu a janela para receber a tal senhora. E os que estavam com a janela aberta, nem sequer olharam. apenas pegaram o jornal. Emburrados. E continuaram a olhar para frente.
Enquanto eu sorria para ela, ela passou por nós sem perceber. Aí que chamei! Hey, moça...entrega esse jornal pra mim também?! Com um dos sorrisos mais puros que tenho. É só pra eu sentir um agradinho hoje.
Ela sorri tão francamente, nos entrega um jornal. Claro meu filho! O sinal abre. Eu e meu companheiro damos um Boa Tarde, e o recebemos, com tanta sinceridade. E continuamos a viagem balançando as cabeças. Batendo palmas e sorrindo. Deu pra ver, pelo retrovisor, quando a senhoria sorrio e balançou a cabeça, olhando para nosso carro. Continuei a observá-la, até perdê-la de vista.
Nossa viagem de volta pra casa seguiu ao som de Dave Matthews. Com nós parecendo bobos por qualquer um que olhasse de fora. Não importava se para os outros fossemos ridículos cantando e dançando nas ruas da terra da garoa. É algo simples assim que faz uma atividade antes massante se tornar algo divertido.
As vezes a gente se preocupa com o tempo perdido, e isso em qualquer situação, murmurando reclamações atrás de reclamações, mas no fim, o que mais poderíamos fazer em um congestionamento, onde tudo parece que nunca irá andar?
Voar por cima de tudo ainda não sei(ainda), mas ao menos posso grato por ouvir um bom som, com um grande amigo, e fazer uma súbita amizade nova que conheci em pleno trânsito ;)